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COLIBACILOSE: VOCÊ CONHECE?

A Médica Veterinária, Stella Maris Benes, escreve em seu artigo publicado na revista da Sociedade Ornitológica de Salvador, que quando dizemos que o criador conhece a colibacilose, é certeza que mesmo sem saber, seu plantel já esteve próximo de apresentar sintomas desta patologia. A colibacilose é uma doença induzida por uma bactéria chamada Escherichia Coli. Esta bactéria é uma das maiores causadoras de perdas económicas na Avicultura Industrial e na Avicultura Ornamental de todo Mundo. Esta doença está caracterizada por desenvolver peritonite (inflamação de abdómen) pericardites (inflamação da camada externa do coração – pericárdio), aerossaculite (inflamação dos sacos aéreos cervicais, torácicos, abdominais – nove ao todo), salpingites (inflamação do oviduto), sinusite (articulações), infalites (umbigo ou saco da gema), e septicemia em geral, normalmente levando à formação caseosas (pus na consistência de queijo), dando muitas vezes um carácter crónico ao caso.
Dentro do grupo Escherichia Coli encontramos muitos sorotipos patogénicos apenas para aves, sem distinção. Mas nunca, até então foram relacionadas com os sorotipos que acometem o homem e os mamíferos, diferentes de Salmonella que pode do ovo contaminar o homem e outras aves, quando mal cozido.
Todas as aves são susceptíveis a colibacilose. Esta bactéria é flora normal do trato digestivo das aves bactéria apatogénica, mas também podemos encontrar as formas patogénicas. A água e os alimentos podem ser contaminados pelas fezes ou mesmo a ave ingerir fezes que estão no fundo dos viveiros e desenvolver a doença.
Esta bactéria pode ser transmitida de ave para ave (directa), para tanto fazer quarentena. Pode ser transmitida através do ovo, causando mortalidade alta de filhotes. A gema já contaminada que vai nutrir dentro do ovo, é um meio de cultura ideal para a bactéria.
Quando os filhotes nascem, este saco da gema deveria desaparecer, tornando-se um resquício liquidado no intestino na primeira semana. Quando contaminado este saco da gema vai liberando as bactérias para a circulação na ave causando a morte na primeira semana de vida. Na necropsia verificamos a não involução desde saco a gema e com a cultura descobrimos a bactéria ali alojada. A casca do ovo já está contaminada com as fezes dos pais que tem a bactéria, ou no caso de usarem incubadores, ovos de aves contaminadas que transmitem através do ar que circula neste aparelho. Roedores podem ser portadores de bactérias patogénicas. No ambiente contaminado ele apode ficar longo tempo, principalmente em época de seca.
Estas bactérias têm estrutura que lhes conferem capacidade de se fixar (adesinas), de se colonizar e se alimentar (sideróforos, omolisinas), que libera substância chamada endotoxinas que na verdade são seus metabólicos, mas que causam toxidade para aves, mamíferos e para o homem. Essas toxinas alteram a bomba de sódio e potássio das células induzindo degeneração celular de vários tecidos (fígado, rim, intestino cérebro etc) podem alterar a síntese do DNA da célula afectada, ou seja, tudo colabora para a falência orgânica da ave.
Imaginem só um filhote que apesar de ser imunicompetente ainda no ovo, ficar submetido a um bombardeio de bactérias e seus factores de patogenicidade?
Quando tentamos tratar um plantel pensamos em fazer o diagnóstico através do exame microbiológico e usarmos antibiótico que confere sensibilidade, segundo o antibiograma. Mas, o antibiótico só age na bactéria. As consequências em cascata que esta causou com suas toxinas, não será resolvida por antibióticos, que confere a sensibilidade pelo antibiograma.

Pense – Sua ave está comendo, está bebendo? Como queremos que dê certo o tratamento se não damos o essencial para a vida; água e comida. Quando estamos internados os médicos nos hidratam e nos alimentam. Retirar as aves da presença de outras sadias, ainda, alimentar adultos doentes e filhotes artificialmente com papinha e soro (1/2 dose de sal somente), dar protectores para o fígado e rins, fazer até inalação, em algumas espécies até removemos o saco da gema com cirurgia, são medidas que devemos tomar enquanto pensamos nos melhores antibiótico.
Mas, na verdade, conhecemos a colibacilose em nosso plantel da seguinte maneira: postura baixa, filhotes com crescimento retardado e morte na primeira semana ou um pouco mais; presença de uma mancha amarela dentro do abdómen vista nas aves vivas, no ninho, como consequência metabólica pela má função hepática causando, assim, má digestão e problema de filtração e concentração de urina. Morte
súbita em aves que tinham cansaço crónico (doença crónica respiratória; micoplasma + colibacilose); retenção de ovos nas fêmeas acompanhadas de estados febris na postura; artrites agudas com inflamação e dores articulares.
Para evitar – Tratar os pais que já tenham a colibacilose ou a bactéria em seu organismo; evitar a entrada de aves novas, aves silvestres, ratos e outros roedores; quarentena. Cozinhar os ovos por quinze minutos em fogo baixo (fervura) deixar verduras de molho em cloro ou vinagre 30 minutos, não deixar as aves em contacto com as fezes ou comedouros onde defequem, examinar visualmente seus filhotes; caso sobrevenha a morte deixar no congelador até fazer exames, quando usar incubadoras limpar a casca (com orientação para dependendo da espécie, não tirar a cutícula de protecção), e desinfetar a incubadora, sempre.
Fazer caiação das instalações etc. Orientação que são válidas para quaisquer doenças. Quanto aos antibióticos devem ser usados na hora correta, não acredito que no seu uso contínuo, mesmo porque o perfil da resistência tem, se alterado muito ultimamente, levando as pesquisas a descobrir melhores vacinas, sendo que estas já existem para galinhas, sem pesquisas em aves ornamentais.
O isolamento da bactéria nas fezes é relativamente fácil. O que são caros e são feitos em Institutos de Pesquisas e alguns laboratórios particulares são as tipificações para sabermos se a bactéria é patogênica ou não.

Candidiase.

A candidiase aparece de vez em quando em um criadouro, geralmente em casos isolados, e raramente como um surto.
A doença caracteriza-se pelo aparecimento de pequenas placas esbranquiçadas, localizadas em geral no interior da cavidade bucal e especialmente no papo. Por sua semelhança com o que ocorre no ser humano, a candidiase é também chamada de “sapinho”.
Sintomas: Penas arrepiadas, dificuldades para descascar e ingerir sementes e algumas vezes diarreia.
Causas: A candidiase é causada pelo fungo Cândida Albicans e aparece em aves debilitadas por stress, por outras enfermidades, ou ainda pelo uso de algum antibiótico.
Tratamento: Assim que aparecem os primeiros sintomas, bons resultados são conseguidos colocando-se duas gotas de Micostatin no bico da ave e dez gotas no
bebedouro, durante dez dias. Após colocar a dosagem do remédio na água, mexa para evitar que se condense no fundo, de imediato.

Doença Respiratória Crónica (DRC).

A DRC é muito semelhante a corisa.
Relativamente comum em galinhas, ocorre em vários tipos de pássaros.
Sintomas – Dificuldade respiratória. Rouquidão, espirros, corrimento nasal e ocular. A evolução da doença é bem lenta, o pássaro vai enfraquecendo aos poucos, o que permite o aparecimento de outras enfermidades.
Causas – A doença é causada por ácaros ou por organismos semelhantes aos vírus chamado Mycoplasma, e se transmite provavelmente pelo ar, especialmente em ambientes húmidos.
Acredita-se que os pais possam transmitir a doença aos filhotes pelo ovo.
Tratamento – Bons resultados foram conseguidos com Tylan 200 na dosagem de uma gota no bico durante sete dias, ou com Linco Spectrim na dosagem de um grama em 1,5 litros de água durante sete dias.

ENTERITE.

Termo genérico que designa qualquer inflamação nos intestinos, este é uma das principais causas de morte de filhotes no ninho. As enterites podem ter causas diversas e os sintomas são muito parecidos, sendo constante em todos eles a diarreia.
Convém lembrar, porém, que a diarréia pode ter outras causas que não as infecções causadas por agentes patogénicos. Por exemplo: a diarreia provocada pela alimentação, Já foi visto que o leite em excesso pode provocar diarreia, especialmente nos filhotes. A laranja também provoca fezes bem líquidas (ao passo que a goiaba e a maçã são antidiarréicos).
As infecções patogénicas que normalmente afectam os canários são a Coccidiose e a Colibacilose.

COCCIDIOSE.

Sintomas – A coccidiose raramente provoca mortes rápidas. As penas ficam eriçadas, a ave fica abatida surgindo o osso do peito saliente, chamada a “doença da faca”. Desidratação e diarréia com fezes e com estrias de sangue ou de coloração bem escura.
Tratamento – Vetococ, Coccirex, NF-180, Amprolium ou Baycox. Os medicamentos devem ser ministrados de acordo com as bulas, Recomenda-se adicionar a farinhada complexo vitamínico, Hidrax ou Pedyalite na água de beber.

COLIBACILOSE.

Sintomas – Sonolência falta de apetite. O Pássaro se retira para um canto da gaiola. Diarreia esverdeada e que deixa as penas ao redor da cloaca sujas. Vómitos frequentes de alimentos misturados a uma substância e a um fluído esverdeado. Nesses casos a mortalidade é muita elevada entre o primeiro e o segundo dias.
Tratamento – Dentre outros, mencionamos: Zooserine, Quemicetina solúvel, Cloranvex, NF-180 e Gentamicina (colírio – 1 gota no bico). A medicação deve ser oferecida conforme bula.

PÉS E PERNAS.

Nestes membros os maiores problemas são devidos a poleiros ásperos, picadas de mosquitos ou material de sisal usado na confecção de ninhos que amanharam nos pés das aves.
Sintomas – Inchação das juntas, feridas ou “pipocas” nos dedos.
Tratamento – Aplicar Rifocina Spray ou Nebacetim pomada até a cura.
Obs. – Alguns canários adquirem crostas em suas patas. Para retira-las usa-se passar sabão de coco no local e, se persistir usa-se uma solução de glicerina líquida (75%) com benzoato de benzila (25%) ou glicerina fenicada (3%).
Bons resultados também são obtidos aplicando-se directamente nas patas da ave Quadriderme ou Ganadol (pomada ou creme), à venda em farmácias ou em lojas do ramo.

ÁCARO DA TRAQUEIA.

O Fantasma dos Criadores de Canários.
Nomes estranhos como Sternostoma tracheacolum, mais comum, Cytodites nodus ou Psittanyssua e mais uns 30 nomes esquisitos como estes, não assustam tanto o criador de canários quanto ouvir falar o simples apelido “ácaro de traqueia”.
Estes são alguns dos tipos desse verdadeiro fantasma para os canaricultores do Brasil e do Mundo.
O ácaro de traqueia encontra-se no meio ambiente, alimentando-se de detritos e poeira, instalando-se oportunamente nas vias respiratórias das aves, podendo atacar a traqueia, sacos aéreos, pulmões e até mesmo os ossos pneumáticos.
Esses ácaros provocam lesões inflamatórias no trato respiratório, provocando irritação e perda da “voz”, e em casos extremos pode ocorrer morte por asfixia devido à alta infestação.
Tratamento: O tratamento de eleição para controlar esses ácaros é o uso da ivermectina, administrada de 15 em 15 dias até sanar o problema.
Tomar cuidado com a época de aplicação e período de recesso na reprodução, para sucesso no tratamento.
Esses períodos devem ser analisados e determinados pelo veterinário responsável pelo plantel, de acordo com a espécie, condições nutricionais e fisiológicas da ave.
Ao se necropsiar uma ave parasitada por ácaros, encontra-se um quadro de intensa irritação do trato respiratório (pontinhos pretos) desde a traqueia até os pulmões.
Essa irritação provoca dificuldades respiratórias, queda no sistema imunológico e uma consequente instalação de patologias, secundárias (Mycoplasma, bactérias, vírus, fungos) que geralmente são as causas das mortes nas aves.
Muitas vezes, mesmo matando o ácaro, as cicatrizes das lesões não permitem uma total recuperação da “voz”, e em outros casos não se observam sequelas.
Levando-se em conta a grande extensão do sistema respiratório das aves, a cronificação dessas infecções secundárias podem tornar-se um problema de difícil solução por atingir aos sacos aéreos que estão distribuídos por todo corpo.
É fundamental que o veterinário diagnostique e trate essas infecções para evitar a morte do animal.
Esse é o maior erro de todos os criadores, achar que um ácaro é um problema isolado enquanto ele apenas abre as portas para infecções mais sérias.
A ivermectina apenas mata o ácaro, enquanto as infecções secundárias devem receber a terapia específica.

Prevenção.

Qualquer terapia não deixa de ser mais um stress para o animal, de onde devemos concluir que a prevenção continua sendo a melhor via de sucesso na criação. Isto não significa o uso de medicamentos para a prevenção que é praticamente um crime, e sim, cuidados de manejo como alimentação balanceada e contínua (sem mudanças bruscas), ausência de correntes de vento, evitar levantar poeira no criadouro (varrições) e outras formas de stress conhecidas pelo criador.
Com uma prevenção cuidadosa e a detecção imediata das mais discretas alterações, o fantasma torna-se o que na verdade sempre foi: Nada.
É BOM SABER…
1 – Não Introduzir qualquer pássaro no criadouro sem que antes seja banhado com solução de Kill Red, para eliminar possíveis “piolhinhos”.
2 – Ante de deitar a fêmea no ninho o fundo deve ser pulverizado com Tratto (pó antipulgas para cães), e depois colocar os ovos para chocar.
3 – A Vitamina E deve ser ministrada com cautela porque pode esterilizar o pássaro quando fornecida em excesso. A quantidade ideal é de 2 g (l colher de café rasa) por quilo de farinhada seca, durante 20 dias para o macho e 10 dias para a fêmea, antes do acasalamento.
4 – A crosta nas patas do canário é facilmente removida quando aplicada levemente uma solução de glicerina líquida (75%) com benzoato de benzila (25%) ou glicerina fenicada (3%). Produtos manipulados em farmácias.
5 – O ovo preso abate a fêmea que, pelo esforço, acaba morrendo se não coloca-lo em 12 horas. Fricção leve de Vick Vaporub na cloaca ajuda a distensão do oviduto favorecendo a expulsão. Água açucarada no bico também ajuda.
6 – É importante examinar a prole logo que nasce. Pinta preta na barriga revela doença grave. Salmonela. O tratamento imediato é oferecer papinha com Baytrill no bico dos filhotes até o desaparecimento da doença. Em uma colher de sobremesa de farinha especial para papinha de filhotes, adicionar uma gota de Baytrill e 4 gotas de Micostatin. Na água de bebida adicionar três gotas de Baytrill em bebedouro de 50 ml durante 15 dias.
7 – Outra doença mortal para o filhote é quando a moela fica estufada, parecendo que tem no intestino um caroço de milho encravado. É Colibacilose. Tratar imediatamente, com Clavulin Suspensão oral 125 mg na papinha. Preparar a papinha (uma colher de sobremesa de farinha seca) e adicionar a 5ª parte de uma colher de café rasa do sal Clavulin e oferecer no bico do filhote uma vez por dia. Continuar o tratamento até desaparecer o inchaço.
8 – As patas dos canários são visadas pelos mosquitos que provocam inflamações. Passar pomada Equiderme até a cura é o tratamento recomendável.
9 – Vento encanado, humidade, luz nocturna interrompendo o sono, falta de higiene e alimentação fraca e insuficiente são procedimentos que prejudicam a saúde do canário, levando-o a morte.

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