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Educação do Canário Timbrado Espanhol:

Faz algum tempo que o Timbrado Espanhol se encontra numa encruzilhada. Em torno deste tema existem duas tendências, que se podem descrever  como tal:
– O isolar o canário deixando-o  desenvolver o seu canto inato e a educação através de maestro e meios electrónicos. Neste contexto existem os partidários de não educar, alegando que os canários ficam muito monótonos e repetitivos e que eventualmente perdem o seu canto, por outro lado existem aqueles que praticam a educação, dizendo que não existe  inatismo no canto do canário e, desta maneira, a educação é a base para um repertório de qualidade. Estas duas tendências existem mas não se entendem. A historia diz-nos que outras raças de canto como o Harze ou o Malinois, que a sua educação assegura um repertório amplo e carente de faltas. O uso apenas de maestro não garante a carência de faltas ou a cópia de notas indesejadas, mas com o uso adequado de meios electrónicos pode-se conseguir o objectivo de conseguir um pássaro de repertório amplo ou de emissão de floreios complexos. Este processo parece a ser fácil mas tem  muitas perguntas sem respostas e de consequentes contrapartidas, especialmente para os criadores de outras gerações.

Vantagens da educação com meios electrónicos:
A educação com meios electrónica, bem conduzida, dá-nos uma serie de vantagens, a saber:
•   Possibilita usar os melhores exemplares para a reprodução, isto porque anteriormente estes exemplares eram reservados como maestros e  não se podiam utilizar  na criação ou fazia-se com algumas limitações para assim poder preservar o seu canto o maior tempo possível.
•   Exposição a um repertório “a nosso gosto” e “livre de faltas”, podemos escolher as notas que os novos canários vão ouvir e eliminando aquelas que não são do nosso agrado. Por outro lado se tivermos áudios de todas as notas do código de canto podemos educá-los criando pássaros  “completos” desde o ponto de vista do seu reportório.
•   Evitar ou minimizar a perda de notas durante a muda, não é segredo para ninguém que alguns exemplares costumam perder algumas notas durante a muda, desta forma, se a estes exemplares expusermos o mesmo repertório com que foram educados, estes vão conservar em grande parte o seu repertório original.
É também importante destacar que o uso deste método com êxito tem as seguintes implicações:
•   – Ter alguns conhecimentos de informática, para explorar ao máximo os benefício deste sistema de educação.
•   – É de vital importância estabelecer barreiras “acústicas” e se possível “físicas”, para garantir uma exposição aos áudios de aprendizagem, de forma exclusiva.
•   É conveniente enriquecer a “biblioteca” de áudios, gravando aqueles exemplares que se destaquem em nossos aviários pela sua dicção pela sua  habilidade em construir novas notas ou enlaces, a partir do seu canto original. Nem todos os canários educados, por qualquer dos métodos, não constroem uma cópia exacta do canto que ouvem na sua aprendizagem embora incorporem em muitos casos uma boa interpretação das notas enlaçando-as de acordo com a sua capacidade vocal e de aprendizagem.
•   O processo de seleção dos exemplares deve realizar-se de maneira rigorosa e sistemática, de acordo com a sua capacidade de aprender e executar o repertório original.
•   A qualidade do áudio utilizado é fundamental, um áudio que tenha notas carente de dicção, ruídos de fundo e notas mal enlaçadas ou distorcidas podem estragar o trabalho de um ano inteiro.

Selecção:

A seleção faz-se unicamente com aquelas aves que apresentem determinadas características que são do nosso interesse e que são as seguintes:
•   Capacidade de aprendizagem, neste sentido devemos tomar em conta:
o   Complexidade: a capacidade do canário aprender ou imitar uma nota.
o    Longitude do repertório: número de notas do repertório original que são aprendidas pelo canário.
o   Inovação: a originalidade com que o canário “traduz” ou imita a nota.
•   Dicção: como o canário diz a nota, algumas vezes também definida como a facilidade com que a     identifica e traduz de  forma onomatopaica (imitação de determinado som)  de acordo com o  disposto no  código de canto.
•   Composição: qualidade do arranjo do canto e das notas de enlace executadas pelo canário. O contributo do canário.

É importante dizer que o nosso critério de seleção depende do nosso objectivo, de criar canários que tenham a capacidade de executar um repertório extenso ou criar aqueles que sejam capazes de executar notas muito complexas. Este é um tema polémico: os juízes tem como referência o código de canto, neste sentido como valorizam um exemplar curto de repertório mas que é capaz de executar notas muito complexas. Para estes  exemplares parece não haver lugar no código de canto actual para os premiar, e é por isso, que em ocasiões os juízes se vêem obrigados a preencher casas nas fichas de julgamento com valores em notas que o canário não executa, mais concretamente no caso dos floreios lentos  e das variações conjuntas, esta situação ocorre maioritariamente nos canários descontínuos.

Técnica:

Esta parte é sem dúvida alguma onde existe mais polémica devido à grande quantidade de variantes possíveis:

•   Uso de um meio puramente electrónico ou combinado com o uso de um ou vários  maestros.
•    Localização e número de colunas de som.
•   Volume apropriado de reprodução da gravação.
•   Construção do repertório certo com notas separadas ou contíguas (já enlaçadas, neste caso como validar que são executáveis pela siringe do canário mesmo que se tratasse de uma gravação de um canto com os enlaces já feitos).
•   Número de repertórios.
•   Número de notas por repertório.
•   Qual a frequência e duração diária mais indicada para o treino. As  horas mais apropriadas para o treino.
•   Nível de isolamento no treino (acústico e/ou físico).
•    Deve haver treino continuo até ao encerrar da canção plástica ou apenas  em  certos períodos da idade do canário.
•   Qual o número ideal de exemplares por voador.

Resumindo, todos aqueles criadores que usam este método de educação tem os seus próprios critérios quanto às variantes atrás descritas, o verdadeiramente interessante é que haja ainda muito  que aprender para aperfeiçoar o método de educação através dos meios  electrónicos, e que esta abre muitas mais possibilidades para os criadores do canário timbrado espanhol e que o seu uso em canaricultura de canto veio para ficar.

 

Boa tarde
Diogo Santana interessante o tema, no entanto deixou-me algumas duvidas :

1º Quando é que devemos colocar esses meios electrónicos aos timbrados ?
2º Qual é a necessidade de ultrapassar o codigo de canto estipulado pela COM ?
3º Em relação às outras raças de canto são completamente diferentes do timbrado espanhol a nivel comportamental , de criação, de educação e claro de canto, qual é a necessidade do uso desses meios electrónicos ?
4º Não te parece que o texto faz o timbrado algo “monstruoso” com tanta dificuldade em expandir esta raça em Portugal ?

Na minha opinião muita coisa que é escrita por nuestros “hermanos” dificulta muitas vezes a aprendizagem que cada criador faz solitariamente ou não em qualquer parte do mundo.

Cada raça seja ela de canto , de cor e de forma tem “segredos” que cada um aprende sozinho ou com outros criadores, como disse e muito bem e que traduziste do senhor Arouca “cada maestro su libro”.
Seria interessante compreender qual a razão deste texto, isto porque qualquer ave canora aprende sempre novas notas ao contrário do que está escrito no texto.

É um facto que podemos aprender sempre alguma coisa com artigos,revistas e boletins no entanto a maior aprendizagem que podemos fazer é exprimentando como tu bem sabes fazer. E questionando sempre para aprender a ser o melhor (bons canários) e ter conhecimento. Aprendemos até morrer e não ocupa espaço o que os outros nos ensinam de boa vontade.

Lembro-me de uma frase de um conhecido meu o cerebro é uma coisa maravilhosa…a do canário também o é, no entanto o tempo é que nos ensina a ver que estamos errados na conduta do uso de meios electronicos nas pequenas aves que não teem a culpa da ganancia e da vontade de falsificar do homem que deseja ganhar aos outros sem a olhar a meios. Sendo isto um passatempo para uns e um negocio para outros. Isto faz-me lembrar o “pintar” os pintassilgos , o “pintar” canários Lizards e outros canários de cor.

O timbrado espanhol não precisa de “copia” é um cantor por excelência , infelizmente ainda não tenho condições para ter condições ambientais como a maioria dos textos espanhois descrevem para educar o timbrado espanhol.

Saudações Ornitológicas !

 

Boa tarde,

Pedro Boavida

Antes de responder às perguntas quero dizer que se deve respeitar o método de cada um no que concerne à preparação para concursos ou até para seu gosto pessoal e de maneira alguma este texto é tendencioso no quer que seja pelo contrário até relata  que existem duas tendências diferentes  de preparar os canários, ficando ao gosto de cada um. Não estou de acordo com algumas tuas afirmações,  quando dizes que não se deve aprender com quem à muitos anos cria Timbrados e com muitos anos de experiência , pois são eles mais que ninguém que tem acompanhado ao longos dos  anos a  sua evolução, mesmo com as suas divergências. Nesta matéria não  vou ser um autodidacta e avarento, embora faça algumas pequenas experiências mas não vou além disso, tendo humildade suficiente para aprender com quem sabe, com amigos meus e grandes criadores, estes claro espanhóis como é lógico . Em relação a qualquer ave aprender é um facto confirmado e toda a gente sabe disso, mas contudo existem as que são  mais dotadas  e com  mais capacidade para o fazer  e é aqui que se  procura a  melhoria e aperfeiçoamento do canto Timbrado com alguns cruzamentos que se fazem e sempre se fizeram ao longo da sua história e que tem  dado muitos bons resultados, embora com os seus detractores, como em tudo na vida. Para ter um canário com o canto ao nosso gosto, tem que ter uma boa dicção, boa voz e floreios com muita complexidade e principalmente  uma grande capacidade de aprender e saber interpretar na integra o que lhe damos para ouvir, mas para tudo isto tem que se ter o Timbrado certo e compatível para exercer este tipo de canto. Mas a experiência diz-me que tudo isto não é tão linear como parece.

Respondendo agora às perguntas e desde já digo que as minhas respostas são fruto de alguma minha experiência e de alguma informação de criadores espanhóis meus amigos, mas com se sabe no Timbrado 2+2 nem sempre são 4.

1º Resposta:

Esta resposta está implícita  na última parte do texto e com alguma razão, visto ser uma inovação na criação do canto timbrado.

2ª Resposta:

O código de canto é sempre o mesmo para qualquer canário de canto timbrado seja ele bom ou mau na execução do seu canto, apenas vai mudar a valorização das notas sendo esta uma variante deste mesmo código.

3ª Resposta:

Todos sabemos  que são raças diferentes apenas se está a dizer que também fazem este tipo de educação mas cada um, como é lógico,  com seus  áudios diferentes de canto se assim não fosse estaríamos a ouvir um Malinois com um canto Timbrado e vice versa. A questão da necessidade está explicita no texto.

4ª Resposta:

Para se promover alguma coisa é necessário dar a conhecer às pessoas toda a informação possível que exista nessa matéria, porque depois a escolha e o gosto são pessoais.

Diogo Santana

STAM AR72

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